Este é o tipo de debate que precisa excluir todos os raivosos que saciam o prazer de disseminar agressividade nos espaços abertos à interatividade. Mas assumo o risco de escolher uma Seleção da Copa do Mundo - risco ainda maior porque a decisão do 3º lugar, e a finalíssima, ainda não foram disputadas. Vale destacar que essa eleição é uma brincadeira e, apesar de levar em consideração meus critérios de avaliação, esta sujeita a cometer pequenas injustiças, compreensíveis.
Sistema tático: optei pelo 4-5-1 com dois volantes e três meias, desdobrado em 4-2-3-1, por ser um dos sistemas mais utilizados na África do Sul. Quase metade das 32 seleções tiveram este modelo como o prioritário, ou como variação em algum momento.
Treinador: tomo a liberdade de eleger Oscar Tabárez, do Uruguai. Técnico que abdicou do sistema com três zagueiros, engessado, com o qual teve de sofrer para passar pela Costa Rica na repescagem das Eliminatórias. Na Copa, após empatar com a França, adotou o 4-4-2 com meio-campo em losango, encontrou no enganche a função ideal para Forlán, e fortaleceu o sistema defensivo com um belíssimo trio de volantes. Foi inteligente, sabendo capitalizar as virtudes de um grupo com limitações técnicas.
Goleiro: Casillas (Espanha). Eu estava convicto por Stekelenburg, da Holanda, mas Casillas brilhou mais em partidas nas quais a Espanha correu riscos. Pelo caráter decisivo de suas defesas, incluindo um pênalti contra o Paraguai, fico com ele. Mas essa é a posição mais arriscada de se escolher em véspera de final - Casillas pode falhar, por exemplo, ou então Stekelenburg fazer uma partida de exceção. Qualquer dos dois, entretanto, mereceria o título de melhor goleiro da Copa.
Lateral-direito: Lahm (Alemanha). Não seria errado pensar em Maicon, autor de um belo gol. Mas escolhi Lahm pela sua relevância técnica para a Alemanha. Lahm se traveste de organizador da equipe, e mesmo pelo lado do campo, consegue articular boas variações ofensivas.
Zagueiro central: Friedrich (Alemanha). Copa impecável. Sei que muitos preferem Piqué, quem sabe Lúcio. Mas Friedrich demonstrou uma regularidade impressionante.
Quarto zagueiro: Godín (Uruguai). Ele tem Lugano ao lado. Para se destacar com esta parceria, tem de estar em forma. E Godín foi preciso nos desarmes, vigoroso no combate físico, atento na bola aérea. Não seria injustiça escolher Juan, Piqué, Puyol, Mertesacker…mas eu vou de Godín, pelo mesmo motivo de Friedrich: regularidade.
Lateral-esquerdo: Capdevilla (Espanha). Esta foi a posição mais complicada. Coentrão, de Portugal, descatou-se mas saiu cedo demais para formar um conceito definitivo. Na falta de melhores alternativas, Capdevilla ao menos conseguiu articular boas jogadas com Iniesta e Villa na esquerda ofensiva.
Primeiro volante: Pérez (Uruguai). Soberano à frente da linha defensiva. Sem mais palavras. Sou voto vencido, frente à predileção geral por Busquets. Mas não vi Pérez perder jogada nesta Copa. Jogou demais.
Segundo volante: Schweinsteiger (Alemanha). Melhor meio-campista do primeiro passe no Mundial da África do Sul. Responsável pela distribuição de jogo, sempre em saídas rápidas e curtas, nos pés dos meias ofensivos. Brilhou.
Meia-central: Sneijder (Holanda). Candidato a melhor da Copa, não poderia ficar de fora. Fez gols, coordenou os movimentos para acionar a jogada aguda com Robben, e se destacou pelos longos lançamentos invertendo o lado da jogada.
Meia-esquerda: Müller (Alemanha). Sei que ele jogou pela direita na África do Sul, mas pelo Bayern ele atua como extremo na esquerda. Não seria impossível improvisá-lo por ali na Seleção. Revelou diversas habilidades técnicas: velocidade, drible, passe curto e conclusão.
Meia-direita: Forlán (Uruguai). Também sei que ele atuou como enganche central pelo Uruguai. Mas, como reservei a posição central ao cerebral Sneijder, Forlán - que é atacante de origem - pode muito bem cumprir com as atribuições da extrema-direita. Jogou demais nesta Copa.
Atacante: David Villa (Espanha). Artilheiro e protagonista de uma seleção que chega à final da Copa sem ter a supremacia técnica indiscutível que se previa. Merece, portanto, a referência. Sem ele, talvez a Espanha tivesse ficado pelo caminho.
Eduardo Cecconi
Redator de Esportes - clicRBS
http://twitter.com/eduardocecconi
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