Em inglês, a denominação correta é winger. Convencionei, após muito debate com os leitores mais assíduos do blog Preleção, traduzir o estrangeirismo para meia-extremo. A função, entretanto, é a mesma em qualquer idioma. Comum nos clubes e seleções europeias, rara no futebol brasileiro. Cenário que se modifica, a partir de pequenas iniciativas de treinadores que se disseminam pelo sucesso obtido.
Na teoria tática, winger é um jogador ofensivo que atua aberto pelo lado (ou na “asa” - wing, em inglês - do campo). De início, eram considerados wingers os antigos pontas nos sistemas embrionários da organização tática do futebol. Agora, esta denominação pode ser também aplicada aos meias que atuam da mesma forma, mas em uma faixa de campo mais recuada, partindo da intermediária ofensiva.
Segundo relata o jornalista inglês Jonathan Wilson, no livro Inverting the Pyramid, sobre o qual o blog Preleção publicou uma série de resenhas - leiam aqui, o futebol inglês durante muito tempo foi conhecido pelo estilo “wing play”, em função da prioridade às ligações diretas para os wingers. Modelo de jogo também chamado de “kick and rush” (chutar e correr). Eram jogadores que precisavam de velocidade e habilidade, porque a estratégia ofensiva das equipes se resumia às vitórias destes wingers sobre os marcadores.
No Brasil a utilização de wingers não se popularizou. Quando os pontas entraram em hibernação, com a transição do 4-3-3 para o 4-4-2, o futebol brasileiro preferiu apostar em meias clássicos, organizadores centrais, ou então em pontas-de-lança ofensivos, não menos centralizados. Daí partiram todas as variações de desenho do meio-campo: o quadrado, o losango…sempre com meias centrais.
Na Inglaterra e também em boa parte da Europa o recuo dos pontas não significou o fim dos wingers. O 4-4-2 em duas linhas os manteve vivos. O 4-5-1 com linha de três meias ofensivos (ou 4-2-3-1) também. Estes meias-extremos apenas se adaptaram a uma faixa de campo pouco mais recuada, com atribuições defensivas claras na marcação por zona.
Esta função é muito apropriada a atacantes velozes. Jogadores que podem, com inteligência tática, cumprir as atribuições defensivas sem perder a agressividade ofensiva nas jogadas de linha de fundo e nas diagonais rumo à área adversária. Exemplos recentes não faltam: Kuyt no Liverpool, Cristiano Ronaldo no Manchester United, Bellamy e Wright-Phillips no Manchester City, Walcott no Arsenal. Outro estilo, de organização - com qualidade técnica para inversões e lançamentos longos - combina perfeitamente com a função: Beckham e Giggs no Manchester United são os exemplos que me ocorrem.
Agora os treinadores brasileiros se mostram mais receptivos à influência tática europeia. Demorou quase quatro décadas para o 4-4-2 em duas linhas ser utilizado, ainda que de forma incipiente; o 4-2-3-1 teve em Mano Menezes seu principal representante, ganhou na Seleção Brasileira de Dunga visibilidade, e após o bom desempenho de várias seleções na Copa do Mundo 2010, dissemina-se por aqui. Dois sistemas que exigem o uso de wingers. Que podem ser atacantes adaptados.
Mano Menezes fazia isso com Dentinho e Jorge Henrique no Corinthians - atacantes atuando como meias-extremos; Dunga escalou Robinho desta forma na Seleção; Celso Roth redescobre Taison como winger no Inter; Felipão faz o mesmo com Éverton no Palmeiras.
Sistemas europeus, importados pelos técnicos brasileiros, com o uso de atacantes em uma função antes rara por aqui. Muito bom para o futebol brasileiro.
Eduardo Cecconi
Redator de Esportes - clicRBS
http://twitter.com/eduardocecconi
www.clicrbs.com.br/prelecao
3 Com a Palavra:
Belos blog ..alem de botnisto tem ótimas informações..parabéns
Nei é um WINGER? :S
O Inter tem um WINGER???????
Se não tiver me avisa que vou avisar o Carvalho :O
uahuhahuahua
Beijo no coração SENA :*
(lia)
Wow this is a great resource.. I’m enjoying it.. good article
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