A Seleção Brasileira sub-20 treinada por Ney Franco iniciou o Sul-Americano da categoria utilizando-se do mesmo 4-2-3-1 mantido por Mano Menezes no grupo principal – leiam aqui. Mas a conquista do título, e da vaga aos Jogos Olímpicos de Londres, aconteceu sob uso de uma variação tática – coincidentemente, muito semelhante ao modelo elaborado por Mano na derrota do Brasil para a França – vejam como foi.
Em um determinado momento da competição, Ney Franco configurou na Seleção Brasileira sub-20 um 4-4-2 bem caracterizado. A variação tática se deu principalmente a partir do avanço de Neymar para a faixa ofensiva, em parceria com o centroavante William. Desta forma, o treinador retirou Oscar do centro, região na qual o garoto colorado não consequia produzir bem, passando-o ao lado esquerdo.
O desenho deste 4-4-2 é praticamente em duas linhas, mas pelo sistemático avanço sem recomposição de Casemiro, pode também ser desdobrado em um 4-1-3-2, com Fernando sendo o único volante. Ainda assim, vejo este modelo mais como um 4-4-2 clássico, com dois extremos abertos pelos lados, um volante marcador e um central “box-to-box” saindo para o jogo.
A estratégia, entretanto, apresentou problemas defensivos que não representaram risco à classificação pela enorme qualidade dos jogadores de frente. Danilo e Alex Sandro avançavam simultaneamente pelos lados, em combinações respectivamente com Lucas e Oscar; Casemiro desvencilhou-se do combate central para tornar-se um apoiador de passagem constante ao ataque; sobravam, desta forma, apenas os zagueiros e o volante Fernando.
Foi esta vulnerabilidade às costas dos laterais, e à frente da defesa (ou seja, em todas as faixas do campo) que permitiu a Fernando se destacar. O volante gremista precisou suprir a falta de companhia na marcação com capacidade física para cobrir a direita e a esquerda, e para dar o primeiro combate enquanto via seus companheiros retornando às posições originais. Combatia com vigor para atrasar a transição ofensiva adversária, dando tempo à reorganização defensiva brasileira.
Funcionou, reitero, pela diferença técnica entre jogadores como Neymar e Lucas na comparação com os defensores sul-americanos. E esta ofensividade com até sete jogadores no campo adversário abasteceu esses atacantes a todo momento, com muitas chances de gol. Mas nas Olimpíadas, e até mesmo no Mundial sub-20 que se aproxima, será prudente organizar melhor os movimentos defensivos, alternando o apoio dos laterais, fazendo o segundo volante obedecer mais às atribuições defensivas.
Eduardo Cecconi
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