Assisti ontem ao empate entre Libertad e Once Caldas – 2 a 2 – pela Taça Libertadores, no Paraguai. Com dois gols do ex-colorado Rentería, os colombianos venciam até os 48 do segundo tempo, quando Pavlovich marcou novamente (ele havia feito o primeiro, em impedimento não assinalado), mantendo a invencibilidade do líder do grupo.
Nesta partida, o Libertad distribuiu-se no 4-4-2 em duas linhas repleto de movimentos e compensações. O que mais me chamou a atenção foi o comportamento defensivo: pressão alta e cobertura realizada pelos zagueiros. Esta estratégia funcionou no início, retirando posse de bola do adversário e encurtando seus espaços. Mas a habilidade e a movimentação do atacante Rentería, e dos meias Moreno e Carbonero, desestruturou por diversas vezes a defesa paraguaia.
Com a bola, a movimentação do Libertad pende à direita. O camisa 10 Rojas é o meia-extremo do setor, mas atua como um winger-armador – sempre busca a diagonal para o meio, onde posiciona-se para articular o time, ou para o rebote ofensivo. Neste corredor aberto atuam simultaneamente o lateral Bonet, insistente no apoio, e o atacante Gamarra, que faz o movimento inverso ao de Rojas, saindo do centro para o lado direito.
Pavlovich fecha para a área, como centroavante. Na esquerda, Samudio é um lateral que busca mais o meio que o apoio aberto, e o extremo González também ‘afunila’ o jogo, ambos na direção do apoiador Aquino.
Quando perde a bola no ataque, o Libertad não recua. Mantém seus atacantes e sua segunda linha em posicionamento alto no campo do adversário. A ideia é pressionar para recuperar a posse sem dar tempo à organização do oponente. A linha defensiva também se adianta, compactando o Libertad praticamente entre a divisória e a intermediária ofensiva.
O problema está na cobertura dos laterais. Enquanto Cáceres aprofunda o posicionamento entre os zagueiros, a dupla Portocarrero e Canuto abre para proteger respectivamente os setores de Bonet e Samudio. Uma espécie de perseguição individual aos jogadores que por ali estiverem. E o Libertad corre muitos riscos com esta sincronia de movimentos. Se a pressão alta não funciona na recuperação da posse, e a bola ultrapassa o bloqueio de pelo menos seis jogadores no campo ofensivo combatendo a saída, a defesa está aberta e vulnerável.
Bastou velocidade e inteligência a Rentería e Moreno para que estes espaços abertos fossem bem ocupados por ambos. No 3-6-1 desdobrado em 3-4-2-1 – o Once Caldas abriu 2 a 1 aos 17 do primeiro tempo, e daí em diante variou para o 5-4-1 em duas linhas, modelo muito semelhante ao do Independiente – leiam aqui.
Com a bola a equipe reconstituía o 3-6-1, e sem ela Moreno voltava pela esquerda, Carbonero pela direita, alinhando-se aos volantes, e os alas baixavam como laterais à linha dos três zagueiros. Na transição ofensiva, todos adiantavam-se rapidamente, saindo do 5-4-1 para o 3-6-1 em velocidade. Não fosse o exacerbado individualismo de Moreno, que desperdiçou no segundo tempo três ou quatro contra-ataques por ignorar a passagem de companheiros desmarcados, e o Once Caldas teria vencido com alguma facilidade.
Eduardo Cecconi
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