Assisti ontem à derrota do Fluminense para o América por 1 a 0, no México, pela Taça Libertadores. Recorri hoje novamente aos compactos da partida, para identificar um movimento que durante o jogo dificultou minha percepção do verdadeiro sistema tático elaborado por Muricy Ramalho para o confronto.
O Fluminense atuou no 3-6-1 à brasileira. Três zagueios fixos, sem líbero – ou seja, sem um jogador que avance e passe para outro setor do campo. Rígidos três zagueiros, Gum e Digão pelos lados, e Leandro Euzébio sendo o “homem da sobra”. Dois alas-lateralizados; Mariano (dir) e Carlinhos (esq) abertos pelos lados, comportando-se como laterais, adiantando o posicionamento para marcar, mas movimentando-se apenas pelos lados. Diferente do 3-5-2/3-6-1 em uso na Itália atualmente, com alas não menos lateralizados, mas de posicionamento e função muito mais ofensivos – leiam aqui.
Foi difícil distinguir o desenho do meio-campo. Formou-se uma espécie de linha com três jogadores: Valencia como primeiro volante, centralizado; Diguinho em uma segunda faixa, mais à direita; Tartá, como um apoiador pouco mais avançado, da esquerda para o meio; e Conca à frente deles, ora centralizado, ora à direita. Pareceu um losango, por vezes, mas quando Tartá se adiantava e Diguinho aprofundava, também lembrava um quadrado.
O que mais chamou a atenção – e mais exigiu nesta análise tática do Fluminense – foi o recuo de Valencia. Ele atuou como um zagueiro à frente dos três zagueiros. Por isso o título do post: Muricy Ramalho, na prática, sistematizou o tricolor em um 3-6-1 com quatro zagueiros: Digão, Leandro Euzébio, Gum e Valencia.
No 3-5-2 e suas variações (3-6-1 em todos os desenhos possíveis) quem faz a cobertura do lateral é o zagueiro do mesmo lado. Mas ontem o ala Mariano foi protegido por Valencia. Reparem neste frame de contra-ataque do America, no comportamento de Valencia. Ele alinha-se ao trio defensivo. Um paredão de quatro zagueiros:
Curiosamente, este movimento que sugere na teoria mais proteção, na prática desguarnece um setor importante. Na mesma imagem destaquei dois jogadores do América completamente livres, e com grande espaço de campo pela frente. Com o recuo de Valencia, tornando-se um quarto zagueiro, abriu-se a frente da área. E Diguinho ficou entre dois caminhos, entre dois jogadores, sem saber quem combater. A imagem tem sete jogadores do Fluminense contra apenas quatro mexicanos, mas dois adversários estão livres. Está errado. Sobram zagueiros, mas sobram também espaços desocupados na intermediária.
Com tantos complexos movimentos defensivos – três zagueiros rígidos, volante que aprofunda para cobrir lateral, meia que recua, alas que combatem no alto, o Fluminense repetiu um padrão muito comum ao 3-6-1 à brasileira: concessão da posse de bola ao adversário, perda do controle do meio-campo, lentidão na transição ofensiva, e troca da articulação pela ligação direta.
Eduardo Cecconi
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