Segundo a teoria tática, uma partida de futebol tem quatro momentos, sob a perspectiva de qualquer das equipes: posse de bola; perda da posse de bola; posse de bola para o adversário; e recuperação da posse de bola. Entre estes momentos, há as duas transições: ofensiva (contra-ataque) e defensiva (contra-ataque adversário). E o Peñarol do técnico Diego Aguirre mostrou-se nesta noite de terça-feira uma boa equipe em pelo menos dois destes seis conceitos citados – recuperação da posse, e transição ofensiva. Fora de casa, os carboneros uruguaios venceram o argentino Godoy Cruz por 3 a 1.
O Peñarol posicionou-se no 4-5-1 em duas linhas, com um enganche à frente (ou 4-4-1-1). Laterais bem restritos à base defensiva – González saindo um pouco mais na direita, Dário Rodriguez comprometido com a marcação na esquerda; linha defensiva na intermediária, avançando o posicionamento em bloco conforme o interesse da equipe (pressionar saída de bola adversária, por exemplo); dois volantes centrais marcadores com avanço moderado para a segunda bola (rebote ofensivo); um meia-extremo, Mathias Mier, muito qualificado na esquerda; velocidade com o enganche Martinuccio; e referência no centroavante Olivera.
Se houvesse – que eu saiba, não há – um manual ensinando a contra-atacar, talvez uma das fórmulas fosse esta: adicionar pelo menos dois jogadores de velocidade a um centroavante fixo. É o que fez o Peñarol em Mendoza. Os uruguaios começaram com as duas linhas adiantadas, marcando à frente por zona com pressão sobre a bola, e assim que fizeram o primeiro gol em uma blitz – com um minuto – concederam ao Godoy Cruz a posse de bola, recuando estas linhas na busca pelas rápidas transições.
A articulação volta-se para a esquerda com Mier. Rápido e habilidoso, ele não teme o contato. Além da velocidade, gosta de desestruturar a organização defensiva adversária confrontando os marcadores com dribles. Invariavelmente ele busca o fundo do campo, de onde cruza bolas altas para o grandalhão Olivera, ex-Universidad de Chile. O centroavante marcou dois gols, em três oportunidades. É do ofício.
O outro caminho dos contra-ataques é Martinuccio, enganche que conduz a bola pelo centro. Ele é acionado quando Mirne recua para recompor a segunda linha pela esquerda, e segura a bola até que seu companheiro passe para receber. Daí em diante avança para ingressar na área, enquanto os centrais Freitas e Aguiar adiantam-se para a segunda bola. Na direita, Corujo é um winger mais cauteloso.
O terceiro gol saiu da transição com Martinuccio. Conduziu pelo campo todo e assistiu Aguiar, volante que conseguiu passar da linha da bola. O lance teve início em escanteio para o Godoy Cruz. Em poucos segundos, Martinuccio havia levado a bola até a área argentina.
Eduardo Cecconi
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