Com um movimento ofensivo desencadeando uma série de jogadas combinadas Roberto Mancini desconstruiu o sistema defensivo do Manchester United ontem, na goleada de 6 a 1 do Manchester City – com três gols após os 44 do segundo tempo, é verdade, e com um jogador a mais durante boa parte do confronto – em Old Trafford. E os protagonistas desta elaboração tática do técnico italiano foram o meia Silva e o atacante Balotelli.
A base tática do City foi o tradicional 4-4-2 em duas linhas britânicas, principalmente a partir do gol inicial, com Balotelli. Até então, posicionada no campo defensivo e oferecendo a posse de bola ao United, a equipe atuava em uma espécie de 4-5-1 com três meias ofensivos, a partir do recuo constante do atacante italiano. Mas, vencendo parcialmente, Mancini adiantou o camisa 45, e armou a arapuca do contra-ataque em “xis”.
Silva fixou-se à extrema-esquerda da segunda linha do meio-campo, mas com um detalhe: apenas sem a bola. Balotelli fez o mesmo no ataque, assumindo o lado a partir do centro para a esquerda. Com a posse, entretanto, Silva saía para o meio, recebendo o primeiro passe e sendo o responsável pela articulação de todas as transições ofensivas. Em contrapartida, Balotelli abria para o lado, oferecendo uma opção de passe agudo entre o lateral e o zagueiro adversários. Defensivamente, para compensar, Silva retornava por dentro do campo, e Balotelli fechava momentaneamente a linha pela esquerda dando tempo à recomposição do camisa 21.
Com Silva centralizado nos momentos de posse, o City desfazia o desenho do 4-4-2 britânico usual – embora do outro lado Milner tenha se mantido fiel ao posicionamento como meia-extremo da direita. Ao mesmo tempo condutor, driblador e passador, Silva carregava a bola cruzando o campo da esquerda para a direita, indefinindo as marcações na defesa das zonas do United. A ideia era fazê-lo aproximar-se de Milner, e ao mesmo tempo abrir estaço para Clichy e Balotelli jogarem na esquerda para a qual ele retornava apenas sem a bola.
Este “xis” de Silva e Balotelli – o primeiro centralizando, o segundo abrindo – repetiu-se no segundo tempo com uma inversão. Agüero passou para a esquerda, executando o mesmo movimento com o meia espanhol, enquanto Balotelli tornou-se o atacante que conciliaria lado direito e referência. A partir deste momento outros dois gols foram marcados graças à movimentação de Silva: percorrendo o campo da esquerda para a direita, ele conseguia atrair a atenção dos marcadores do United, formando espaços aproveitados por Balotelli (e depois por Agüero) na altura da segunda trave da área adversária, para onde as assistências partiam.
Na prática, Silva foi um articulador central encarregado de fazer o City jogar, e de se manter próximo de todos os movimentos ofensivos. Ou seja, ele organiza a jogada com passe curto e se oferece como opção de passe para, caso a infiltração não ocorra, ele pode receber a bola de volta e tentar uma nova alternativa, fazendo o time “rodar” e mantendo a posse.
Eduardo Cecconi
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