Nos jogos mais recentes o Inter demonstra estar enfim adaptado ao estilo de jogo que caracteriza as equipes comandadas pelo técnico Dorival Júnior. Ofensivo e agressivo, com e sem a bola, o time colorado apresenta um padrão uniforme, que se repete mesmo nas partidas fora de casa. Ontem, no 3 a 0 sobre o Vasco – no Beira-Rio – foi possível mais uma vez perceber esta filosofia de Dorival colocada em prática dentro do 4-5-1 com três meias ofensivos (ou 4-2-3-1).
O Inter de Dorival, no 4-2-3-1, adianta a marcação e ataca sempre com pelo menos seis jogadores. Quem coordena os movimentos, sejam eles defensivos ou ofensivos, é o triângulo de argentinos formado pelos volantes Guiñazu e Bolatti, e pelo articulador central D’Alessandro. São eles os principais avalistas do modelo proposto pelo treinador.
Guiñazu é o primeiro volante, responsável pela proteção defensiva e pelo primeiro passe. Com Dorival, ele desmente a “lenda urbana” que lhe atribui “indisciplina tática”. Para liberar os avanços de Bolatti, segundo volante que faz a passagem constante ao ataque, ultrapassando em velocidade os três meias ofensivos para receber à frente, Guiñazu demonstra um grande comprometimento com a ocupação do espaço central à frente dos zagueiros. Dali ele não sai.
D’Alessandro, invariavelmente, é o alvo do primeiro passe de Guiñazu. E a partir de seu camisa 10 o Inter se organiza. Ele conta com fartas opções de passe. Além dos wingers – que ontem foram Andrezinho e Ilsinho – e do centroavante Jô, ainda há a passagem de Bolatti e de pelo menos um dos laterais – quando não há apoio simultâneo. As transições se dão pelo chão, acostumando o time a jogar com passes curtos, aproximações, tabelas e compactação ofensiva no campo adversário.
As estatísticas da partida contra o Vasco ilustram este modelo amparado no trio de argentinos. Guiñazu foi quem mais executou passes – 81 ao todo, comprovando sua participação na saída de bola; depois dele vem D’Alessandro, com 54 passes – o alvo preferencial da saída de bola, para organizar o ataque; Bolatti, ao lado de D’Alessandro, foi quem mais concluiu a gol – 4 vezes, confirmando sua contribuição ofensiva – passa e recebe.
O time, no total, teve 57% de posse, trocou 426 passes e finalizou 21 vezes – números de acordo com a proposta ofensiva de Dorival. E isto acontece em razão do adiantamento das linhas. Jô e o trio de meias ofensivos avançam quando estão sem a bola, ocupam a intermediária do rival e exercem pressão na saída; consequentemente, eles trazem para o alto do campo os volantes, os laterais e os zagueiros, compactando as linhas quase a partir do meio-campo, para forçar o erro, tirar espaços, e recuperar a bola mais próximo ao gol, e contra-atacar rapidamente com muitos jogadores dando opção de passe.
Outra determinação bem executada contra o Vasco é o ingresso destes jogadores na área. Quando D’Alessandro ou os laterais estão com a bola nas proximidades do gol, os wingers e Bolatti juntam-se a Jô na área. Por isso o Inter consegue combinar, além das trocas constantes de passes curtos pelo chão, jogadas aéreas pelo fundo do campo – há jogadores na área para completar cruzamentos.
O risco assumido nesta estratégia é a “bola nas costas” caso o adversário aposte na transição longa. Por isso, Dorival tem escolhido zagueiros mais velozes – e assim se destaca Rodrigo Moledo. Exige-se, com marcação adiantada e vocação ofensiva da equipe, zagueiros com velocidade na execução dos movimentos. Afinal, eles costumam ficar no “mano a mano” nos contra-ataques adversários. Os laterais também contribuem nestas coberturas – ontem, em 21 desarmes, os campeões foram Nei com 8 e Kleber com 7.
Eduardo Cecconi
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